terça-feira, 23 de setembro de 2014

Água Adentro


Uma viagem



Sem olhos, minha alma se guia, esguia, por sob as águas.
Sente os frios, os calores, arrepia-se ao toque.
A fluidez inconstante a leva acima, abaixo, a todo lugar e a lugar algum.
Uma fusão de cores inunda sua ausente visão,
Seus ouvidos, ilusões, escutam o dançar eterno e profundo da Terra.
Vaga por onde não há rimas, por onde o certo é incerto, por onde não se vaga, se viaja.
O sal cintila em suas feridas. "Há dor melhor?".
A alma não sabe, não pensa.
Sente somente o que sente e não explica por quê.
Assim é estar mergulhado no oceano dos segredos,
Ser levado pela brisa e pela correnteza.
Rumo indeciso, só se percebe uma realidade:

O destino é longínquo.

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