sexta-feira, 24 de julho de 2015
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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Eu escrevo...



Eu escrevo...


Escrevo e me recordo
que nada nesta vida
teria mesmo ocorrido
sem a corrente força
da Tua graça e glória

Eu escrevo...

Sabendo que amanhã
posso não mais aqui estar...
posso não mais presenciar...
essas almas várias
que me rodeiam
e me alegram

Eu escrevo...

Sem medo de ser injuriado
Sem medo de ser imperfeito
Sem medo de ser apenas
mais um neste mundo
cujo sonho foi espalhar
uma poesia no pensar
um sorriso no olhar
e uma compreensão no falhar

Eu escrevo...

Para todos aqueles
que mentem para si mesmos
que usam máscaras nas fotos
e não têm coragem
de expressar a amargura
que cresce como câncer
em suas gigantescas sombras
por detrás dos holofotes

Eu escrevo...

Para ser lido apenas...
Para ajudar apenas...
Nunca para ser reconhecido
Porque de nada adianta
poesia para um poeta
se aqueles que o rodeiam
só batem palmas para uma rima
e gozam de prazer com uma métrica
sem que disto resulte
a cura de uma alma
e um aconchego plural

Eu escrevo...

Largando de lado
meus estudos
minha família
meus amigos
meu irmão...
Para mostrar
a você e a mim
aquilo que Deus quer que saibamos
aquilo que a alegria é capaz de alcançar
aquilo que a tristeza hesita em revelar
e aquilo que os maus se irritam em ouvir

Eu escrevo e agradeço
por poder fazer parte
dessa frágil missão
a que me foi concedida

Essa missão de viver
tão complexa
tão difícil
                   e tão valiosa.


sábado, 27 de junho de 2015

Outono é azul


Abaixo da camurça decifrei seus tons pardos 
Então o cervo pastava em passos mansos
A corrente vazia do vento tocava-me acima dos escombros 
Acerca dos sonhos solitários culpa-se por estar sobre o chão 
E sobre as nuvens também garoa, quanta estupidez 
Brilho lúgubre do orvalho com cheiro de vazio, tumulto inerte 
Mas todos fizeram sentido, e o sol se pôs, não atrás da colina
Dor já não é mais rotina, é alma, é ama, é sentida
E sentimos, e sentimos. Deixe-me senti-la, ajude-me
Tudo revelou-se azul, minha pele já pertencia ao inferno, sim
O rei mandou minha cabeça para a lagoa da sereia, e ali pereci
Fale tudo sobre, reine sobre o nada, meu senhor
E tudo revelou-se azul, minha voz já sumia com o vento 
Mas que tragédia atrás de nós, como virei para olhar? 
E então já não nadamos, já estamos nas profundezas
E não afogamos, as ondas trazem, as ondas trazem
Está cheia de desesperança, quente perante a lareira
Fria... 
E tudo revelou-se azul... por dentro
terça-feira, 23 de junho de 2015

O dom da solidão 


Voltamos para o mesmo buraco novamente 
Você me rejeitaria três vezes? 
Faça, não há mérito para honrar 
E já estamos livres, a um passo do horizonte 
Mas não somos, ninguém morreu, a casa está vazia 
Poderia te falar onde me encontrar 
Mas não importa, não importa, deixe ir 
E a cada queda eu me compreendo velho
sábado, 20 de junho de 2015

Expedições - Misteriosa


Declaro-me… vencido. Apesar de meus

mais viris esforços, de minhas mais radicais forças, quem venceu

foi quem sempre vence, prevaleceu a vontade da vida sobre a do reles

mortal. Divagar devagar vagabundeando em meio a relações afetivas

nunca me pareceu tão prolixo, e profundo. Engraçado, seria cômico, não

fosse verdade.


Ah… todos querem te domar, é

inegável. Desde que se entende por gente, quer se entender as outras

gentes e, com o tempo, quer se as outras gentes. O que me amedronta é

a parte de ficar preso entre seus dentes. É sempre em anos tão… difíceis,

ou importantes (ou os dois, sendo esta a forma que parece ser-lhe de predileção)

que essa Louca decide bater na minha porta e me chamar pra tomar um café,

ou um cappuccino - mas sempre sem açúcar. Sem compromisso, só para perguntar

como foi meu dia. E, claro, para aproveitar e se jogar nele também.

Como disse, cômico não? Não, para mim não. Bem, talvez um pouco. Mas é divertido,

isso é. E o é quase tão indubitavelmente quanto a demora de Descartes para decidir, sem

sombra de dúvidas, o que pedir num jantar no qual o assunto ondula entre

Deus, a aplicabilidade do Método Científico e se os vencedores, de fato, ficam ou não

com as batatas.


Mesmo assim, maravilhoso. Será? Não importa, mas é

curioso, isso sim. É intrigante como a natureza do homem é buscar o que

lhe é mistério, incógnito, o que ele mais desconhece. Reside aí outra

verdade irrefutável. Coisa de louco, diria eu. O fato é que insanidade

desequilibra, desequilíbrio dá vertigem, vertigem dá uma queda, queda

faz cair, e ao cair… bem, ao cair, a gravidade da situação é que irá

ditar as regras.


O caráter misterioso dessas inexplicáveis

sensações e relações humanas simplesmente me intrigam. Ainda mais sendo

eu um reles humano, sujeito a sujar-se com suor e sucesso, em meio a

esforço e sofrimento, todos somados nela: a misteriosa Sandice.
terça-feira, 16 de junho de 2015

Garoa e Baudelaire


As nuvens fecham-se em cortina
Cinzenta, em pálido dia de outono,
Cujo acorde moroso, tardio, ensina
A amplitude do prazer de se ter sono.

Porém, ainda com tudo assim,
Meu dia é elevação.
sexta-feira, 12 de junho de 2015

Sandice?

 Dúvidas e caos submetem-se à minha ordem,
Desorganizada, ofegante ébria.
No caminho entre guerra e paz, perdi-me.

Meus passos guinam e a música me guia,
Entoando avante e à direita.
Acredito ouvir uma voz conhecida...

És tu, deveras? Pudera, à esta hora!
Tu costumas vir se o lírio aflora.
Por fim, minha cara, vieste ou irás embora?

Tu me és familiarmente estranha,
Tu possibilitas o extraordinário.
Quem és, por que reveste-te em manha?

Foste embora, veio embora, irás agora?
Não te conheço, já te conheci.
Nunca te esqueço, dúbio permaneci...

E os sábios fizeram-se infantes.

Tua voz. se és tu que me vem
Repentina, na surdina, quieta,
Mas marcante e imponente, tu, tua voz

Tua voz de elixir, que me encanta,
Tua voz me espanta, faz-me existir,
E a nós todos sublimar-nos em pó!

E eu, só, te não entendo, minha cara.
Tu vem, tu vai, veio e irás.
Ah... insano, eu vou vou atrás.
segunda-feira, 8 de junho de 2015

O Pintor


Escravo de mim mesmo, andei sobre o barranco
Cavalguei pelos mares, afundei em melancolia
Faça uma ponte sobre aquele belo por do céu
Pense em algo novo, não veja se deteriorar

Aqui, do meu lado, ninguém vê o fruto perdido
Espero por ti, talvez nos cumprimentaremos hoje
Ninguém deita na praia para louvar a lua, não a sua
Mas eu estou no mar te olhando, abaixo das ondas

Então você voltou para casa? Dentro da minha mente
Ache um lugar melhor, mas você nunca vai embora
Encontrarei novamente os enigmas de nossos corações
Não adianta voltar como era antes, não para nós

Viajamos para o por, descrevemos a vista, pegamos a curva
Quanta coisa a ser feita... transformaremos em um jardim
Eles estão aqui por você? O que fez? Transformou o céu em azul?
Não tenho tempo para me desculpar, tudo foi com o suspiro
Cada cor em seus olhos, se quer posso achá-la
Chuva, grama, frio, vento, escuro, silêncio
Tanta coisa para passarmos, e passou. Quem sabe você venha
Eu desenhei o horizonte, com as cordas que me restaram
Eu desenhei o horizonte, para você segurá-lo
Eu desenhei o horizonte
sábado, 23 de maio de 2015

Paradoxo do Nada


Vermes em fezes alegres de sua glória
Estupro da criança já morta pela vida
A moça tem sua roupa rasgada na travessa
Sorriso bonito, dentes caindo, Malévola inversa

O mundo é nosso, nosso
O horizonte alegra nossos olhos
O sorriso de felicidade da adoção conquistamos 
O esforço no trabalho vai e vem

A moça já passou, todos não viram, apenas olharam
A criança cresceu, e diminuiu, escureceu 
Os vermes já morreram, teu grito some no arrombo
Arrombo! Porra, presta atenção 

Mas o mundo é lindo
Tem tanta coisa para vermos
Vamos viver, e sentir a vida
O mundo é nosso, nosso
domingo, 17 de maio de 2015

O Nascer


Apenas o vento frio corre pelas ruas
A luz foge das calçadas, escapa
Ela anda, sem pressa, sem destino 
Ponto encruzilhada, para o tempo 

O vento toca a pele, congela 
Seus lábios estão trêmulos
Seus cabelos escuros, 
Dançam com o vento. 

O moinho roda, roda, e para
Disseste que já não há amanhã 
Mas a manhã não deixa acontecer
E o crepúsculo volta teus temores

Olhos que desvendam o universo
O confunde no meio de sua nebulosa
"A senhorita não tem culpa do mundo" 
Mas podemos nascer outra manhã 

Surgiu, no final do vale, um pássaro
Já não cantava, seu voo parava
Pessoas o achavam belo, estátua
O vento tocava sua pena, 
A dama o visitava.