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segunda-feira, 23 de março de 2015

Aos meus hipócritas


Nos é dado tempo
medido em grãos de areia
Grãos esses que se perdem entre os dedos e as palavras

Nos é dado tempo
na justificativa que temos pouco

Tiram-no de nós na justificativa de que
não sabemos administrá-lo
ou mesmo porque
a morte é certa

Nos é dado tempo
para que criemos mais de nós,
para que saciemos mais de vocês

Pois bem, digo lhes só
O tempo não existe.
Ele é meu e agora
Estou jogando ele no ralo.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Sobre viver


      Subiu os degraus do restaurante e parou à porta. Tão Grande e forte, o homem impedia que os raios de Sol entrassem, pois seu tronco duro consumia a entrada.Observei-o. Usava uma camisa manga curta azul desbotada e uma calça de um bege sujo. Tinha os punhos cerrados no tamanho de talvez dois melões.
      Respirou fundo e limpou o suor do queixo com as costas da mão. O sujeito sem nome tinha a face escondida por um boné. O negror de sua pele lhe dava um ar de fortalecido pela vida. Mantinha os punhos fechados como se estivesse pronto. Deu mais uma olhada ao seu redor com cautela, comigo contava-se quatro no estabelecimento. Pisou em direção à sua mesa, três ao lado da minha. Passou os dedos sobre a madeira gasta e procurou o garçom ao seu redor. Encontraram-se. Olharam-se como cúmplices, mas palavras não trocaram. Sentou-se. Percebi o quanto ele pertencia ao lugar. Espichou as pernas e deu um suspiro. Em pouco tempo um prato foi largado sobre a mesa. Cheio, arroz, feijão e um ou dois ovos sobre esses. Senti-o salivar.
     Tirou o boné e pousou-o à frente, uniu as mãos ásperas de labor e fechou os olhos. Não havia nada no recinto. Apenas garfos cortando o murmúrio lento. O murmúrio do incrível. Nada fora aquele momento. Passado certo tempo, o negro de cenhos constantemente franzidos abriu os olhos. Olhou seu prato e respirou fundo. Em seguida olhou para algo além do teto. Voltou-se para a mesa. Pegou seu talher. Saciou seu vazio.
quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Onde anda seu coração?


Descobri-me esses dias vagando dentro do peito. Um coração.
Eu lá sabia que coração vaga?
Entretanto, descobri um novo prazer
E deliciei-me nas aventuras de conhecer outros mundos

Mundos tristes, mundos vermelhos, mundos amarelos, muitos diferentes do meu!]


Enquanto isso, meu coração pulsava

E palpitava de alegria
Mas, meu coração que aprendia a dar seus passos,
Descobriu os tropeços
Aos poucos, descobrimos juntos, eu e meu coração, que há caminhos
Com falhas
Caminhos que tem muitas curvas
E veias muito apertadas
Corações sofridos...
Choramos.

Porém, em meio a tantas descobertas
Escolhemos descobrir
Andamos por mais pulso e mais cor
E descobrimos colorindo o colorido que é
Ser cor na vida de alguém.
Decidimos. Pulsaremos.
E você que pensa que coração não anda
Onde anda seu coração?
quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Uno


Andava calmo pela areia
Suas lágrimas faziam parte do mundo
Mas já não doíam tanto

Ele trazia em seus punhos uma lembrança
Mas largou-a no mar
Entendia que seu destino havia sido cumprido

Dotava de novos olhos
Os quais finalmente digeriam todas cores
Significava-lhe tudo

Apertava os dedos
Sentia a quentura dos grãos tocar a alma
Não esfriaria

Passo a passo confirmava seu destino já nada previsto
Já sentia as águas consumirem seus pés
E por um momento, o branco de sua mente só conseguia pensar
"Eu deixei marcas"

E pela última vez, sua mente se voltou às estrelas
quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Chega de molhar papel

Vai
Bate! Bate!
Tanto amor em seu coração
Mas pulsava-lhe ódio dos olhos

Sua dor era latente
Metal quebrado em pedaços
Barulhos afiados de murmúrios
Dor nos ouvidos de murmúrios de ilusões

Menina, seu tempo passou
EVOLUA
Tudo é tão difícil
Os anjos não aparecem mais

Feche os olhos
Respire
Ande
E se aqueça

Minha querida, nunca te esqueças
A tristeza cultiva-se dentro de um só
E o teu azul
Ah... o teu azul

Esse ainda não se foi.
terça-feira, 9 de setembro de 2014

Menina Cecília


Menina, não chores
Tu que sempre arguis tão bem
Acalma-te, querida
Há ainda amor em teus olhos

Tu, Cecília, que fostes brincalhona
Tu que tinhas o fervor na alma
Para onde fostes quando não para perto de mim?


Temos tanto para ti, Cecília

Mas cremos que de nós, mundo
Falta nos amor
E sem amor, sei bem que tu não vives

Cremos em ti, menina
Tua voz erguerá o Mundo
E teus poderes levarão o doce ao céu

Confio em ti, Cecília
Teu sorriso ainda está aí dentro
E a sua vitória também.
quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O agora


Temos amores
Cremos em cores
No azul que transborda de nostalgia
Daquela que havia uma vez em um olhar

Ser o que é
Deixar o tempo ir, passar e a eternidade ser
Largar de todo o rancor
Viver mais feliz

Sentir a dor do Mundo
Chorar, Manifestar
Está louco! Louca! Insano! Insana!

De tempos em tempos o amor pede passagem
A depressão grita por tristeza
E a identidade se esconde dentro da carteira
Toma-se conta do ser e suga seu tudo

Seu eu quiser, eu quero
Ser como eu, como o mundo
E assim, o azul sempre será azul.
domingo, 24 de agosto de 2014
O mundo me dá trabalho
O mundo só lembra de ser mundo quando quer
Quando tem de ser
O mundo traz notícias quando vive
Quando não, traz abalos sísmicos

O mundo tem seus cavalos e anda com força
Mas esquece que seus cavalos precisam de água para viver
O mundo que é mundo chora o tempo todo
E vive de novo e de novo
Sem a velha nova hipocrisia de dizer que não tem querer