segunda-feira, 27 de outubro de 2014

SOBRE PÓ


Dos pés ao horizonte, somente grãos.
Pintando o céu, alguns mais distantes.
A fumaça do acabado subindo;
Sua vida, a única visível.

De repente, a areia se move.

As pernas vazias levam o mundo pra trás,
A mente cheia leva as pernas à frente.
O mundo o move? Ou move ele o mundo?
Atrás de si, porém, nem pegadas.

De súbito, a luz lhe enche os olhos.

O vento são sussurros, calmos.
O ar irriga seus secos pulmões.
Os infinitos caminhos, enfim iluminados,
"Levam todos ao mesmo lugar?".

Num instante, para.

O tempo não passa.
Os grãos do céu, porém, logo voltam.
Os líquidos de ontem, hoje vapores,
Escurecem sua visão perdida.

Abre então os olhos, e recomeça.


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